Era uma vez uma menina que nasceu num reino muito longínquo.
Era uma bebé serena e audaz não tinha medo de estar sozinha e nunca chorava. Quando brincava no jardim subia às árvores e mexia em tudo o que era bichinhos.
Ao crescer começou a sentir medos...
Medo de ser gozada na escola, medo dos bichinhos que ela tanto apreciava, medo de se magoar quando subia às árvores, medo de cair, medo de dar erros a português e não saber fazer as contas ou a tabuada.
E a adolescência chega...
E a menina sente medo de não ser a melhor na escola e no seu grupo.
Sente medo que os rapazes trocem dela.
Sente medo que as amigas tenham inveja dela e por isso a ponham de parte.
Sente medo de se apaixonar.
Sente medo de se relacionar com as pessoas, porque todas as pessoas de quem gostava ficam sempre longe.
Chega a juventude...
Com ela vem o medo de sair de casa e encontrar um mundo novo....
E aí a menina fechou-se e não se relacionou com as pessoas, porque sentia medo de criar laços e ter que partir e ter medo de sentir a sua falta.
Apaixonou-se e negou a ela mesma, porque tinha medo de sofrer.
Foi amada e não deixou porque teve medo de desiludir.
Amou e fugiu porque teve medo de perder.
Fugia das crianças, porque tinha medo de nunca ser mãe.
Não tocou o seu peito, porque tinha medo de encontrar algo errado.
Um caroço de medo despontou no seu peito...
E então a menina que agora era mulher deixou de sentir MEDO de:
Ser Mulher
Amar e ser Amada
Estar Apaixonada
Sorrir
Viver
Correr
Brincar
SER FELIZ!
Mas não teve muito tempo…
E quando por fim a viagem terminou e ela se encontrava em algum lugar a reflectir no que tinha feito da sua vida verificou que por ter MEDO nunca foi feliz.
O desejo da menina era voltar a nascer para não sentir medo de viver.
terça-feira, 24 de maio de 2011
segunda-feira, 9 de maio de 2011
A escova de dentes

Já tinha guardado o luto...
Mas as lembranças e os medos ainda estavam presentes (pensava ela que algum dia haviam de passar).
Uma nova relação surge, aos pouquinhos e com calma.
Sem compromissos nem promessas, estar simplesmente era a teoria dos dois. Não queriam assumir-se como sendo apenas um, apenas viver uma amizade um pouco diferente, porque afinal de contas havia feridas abertas.
Quando ela ia a casa dele, regressava sempre, sem nunca pernoitar nem se envolver nos seus lençóis, com a desculpa de que não tinha os seus objectos de higiene, (que afinal de contas fazia questão de não os levar), era uma boa desculpa para não ter que acordar ao seu lado, para depois não passar pela saudade de não o ter ao acordar quando um dia tudo terminasse.
Quando ele ia a casa dela, ela não deixava que ele ficasse, para depois não sentir a falta do cheiro dele na sua almofada.
Dizia ela que estava muito acostumada a dormir sozinha e que não gostava de partilhar a sua cama enorme, pior ainda acordar com o mau hálito e mau humor de outra pessoa.
Fingia-se desinteressada sem se querer comprometer, com medo de ficar comprometida e de vir a perder. Assim preferia nunca ter para não ter que sentir a ausência.
Depois de um dia fantástico, de um jantar romântico e um serão agradável ela preparava-se para sair dizer até um dia destes e regressar a casa, ele sentado no sofá disse-lhe:
“- Antes de ires podes ir à casa de banho, tem lá algo à tua espera. Se calhar hoje podes ficar!”
Ela sem querer acreditar foi ver o que a esperava, e no lavatório estava uma embalagem com uma escova de dentes cor-de-rosa à sua espera. Ele encostado na ombreira da porta sorriu, puxou-a para si e disse-lhe:
“- Vais ficar não vais?!”
Não era uma pergunta, não era um pedido, não era uma intimação era uma vontade.
Ela sabia que assim que colocasse a sua escova cor-de-rosa no copinho ao lado da escova de dentes dele azul estaria a assumir aquilo que tanto medo tinha.
E queria ela resistir?
Queria ela ir deitar-se na sua cama enorme vazia e fria?
Queria ela acordar com um maldito despertador ao invés de acordar com beijos doces?
Não resistiu e ficou… Nesse dia não foi só ela que partilhou a cama com ele. As escovas de dentes começaram a partilhar o mesmo copo.
Agora teria que escolher uma escova de dentes também para ele.
Uma escova à sua medida, da sua cor, do seu estilo. Ainda pensou não levar a escova de dentes para sua casa. Não fez promessa nenhuma, ele só levou porque quis.
Uma escova à sua medida, da sua cor, do seu estilo. Ainda pensou não levar a escova de dentes para sua casa. Não fez promessa nenhuma, ele só levou porque quis.
Mas no fundo também ela queria que a sua escova de dentes não ficasse sozinha no seu copo.
E levou uma escova de dentes azul para o seu copinho.
E ele também ficou.
E ele também ficou.
Como tudo o que começa termina, também esta história terminou.
As fotografias saíram, algumas lembranças também, as roupas foram devolvidas outras guardadas. Mas a escova de dentes continuou no copo.
Se na casa dela só vive uma pessoa porque é que na sua casa de banho continua a haver um copo com duas escovas de dentes uma cor-de-rosa e outra azul?
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Há dias assim...
... dias que nunca mais terminam e que cada segundo é uma surpresa,
e nos damos conta que ficamos sem chão,
que caímos e descobrimos que não sabemos mais caminhar,
mas sabemos que temos que nos levantar e caminhar,
seguir em frente.
Dias que tens vontade de gritar:
- Basta! Estou farta!
É nesses dias que tenho saudades de ser criança,
de ter alguém que me vá desejar boa noite,
me aconchegue o cobertor e me passe a mão pela cabeça e pelo rosto,
que me dê um beijinho na testa,
e me diga:
"-Eu amo-te. Dorme bem!"
E sentir que o mundo pode cair que nada nem ninguém me vai fazer mal.
Boa noite!
e nos damos conta que ficamos sem chão,
que caímos e descobrimos que não sabemos mais caminhar,
mas sabemos que temos que nos levantar e caminhar,
seguir em frente.
Dias que tens vontade de gritar:
- Basta! Estou farta!
É nesses dias que tenho saudades de ser criança,
de ter alguém que me vá desejar boa noite,
me aconchegue o cobertor e me passe a mão pela cabeça e pelo rosto,
que me dê um beijinho na testa,
e me diga:
"-Eu amo-te. Dorme bem!"
E sentir que o mundo pode cair que nada nem ninguém me vai fazer mal.
Boa noite!
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Era uma vez...
... uma linda princesa que vivia num reino muito distante.
A linda menina passou triste vida com a sua madrasta, porque sua mãe morreu ainda jovem....até que um dia encontrou um príncipe, casaram e viveram felizes para sempre....
Resumidamente estes são os contos de fadas que ouvimos quando somos crianças e é neles que vamos acreditando até crescer...
No entanto, no conto real da vida é bem diferente...
Era uma vez uma linda menina, que tinha uma vida perfeita (sem saber), era feliz, brincava, sorria, tinha uma família que a amava.
Podia andar descalça pela rua, podia colher flores no jardim, podia rir, podia chorar, podia dizer que amava ou odiava... até que um dia encontrou um príncipe... apaixonou-se e deslumbrou-se com uma vida de contos de fadas, daqueles que ouviu sua mãe contar-lhe enquanto criança...
Então a linda menina transformou-se em princesa, foi viver para um enorme castelo, longe de tudo e de todos, longe dos que amava, longe do que gostava de fazer.
Ao sair do castelo sorria, mas um sorriso forçado... seus olhos denotavam a tristeza do seu coração...
Não podia demonstrar seus sentimentos e emoções em público e tudo seria motivo para notícia...
E descobriu que não podia mais andar descalça pela rua, não podia chorar, não podia rir, e apenas fazer o que todas as bruxas más queriam...
Porque a vida não é como os contos de fadas?!
Regra geral a vida é o processo inverso do conto de fadas...
Porque é que ninguém nos informa que é assim, e nos enganam contando-nos histórias de fadas, gnomos, príncipes e princesas e onde as bruxas más é que são sempre castigadas?
domingo, 1 de maio de 2011
Beijo
"- Beija-me como se estivesses a beijar o teu primeiro namorado!
Como se fosse o teu primeiro beijo!"
![]() |
O Beijo _ Rodin |
E fechei os olhos,
Senti um arrepio nas costas,
Borboletas no estômago,
As mãos transpiradas,
Encostei os meus lábios nos teus,
Abracei-te,
Senti todos os contornos dos teus lábios com os meus,
Beijei-te devagar,
Como se fosse o meu primeiro beijo,
Como se fosse o meu último,
Como se fosse o primeiro de muitos mais beijos que iremos dar,
E senti asas nos pés,
E voei,
Vi estrelas,
Toquei o céu,
Caminhei sobre as nuvens,
E esqueci que havia mundo para além de nós,
Porque só nós existia-mos!
Ontem não planeie,
Para amanhã não vou esperar,
Fui feliz
Porque simplesmente Beijei como se o fizesse pela primeira vez
Sem medos nem esperanças!
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